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Gravidez na adolescência no Brasil: o que mudou em mais de duas décadas?

  • Foto do escritor: SOGIA
    SOGIA
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura
Crianças brincando em uma rua, com gráfico descendente em um muro.
Crianças brincando em uma rua, com gráfico descendente em um muro.

Uma análise aprofundada sobre avanços, retrocessos e desigualdades persistentes


Entre 2000 e 2019, o Brasil viveu uma mudança significativa no cenário da gravidez na adolescência. Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) revelam redução de 37,2% na proporção de partos entre adolescentes, passando de 23,4% em 2000 para 14,7% em 2019. Essa tendência de queda reflete avanços importantes em educação, saúde reprodutiva e políticas públicas — mas os números continuam altos e desiguais.


A maior queda foi observada entre adolescentes de 15 a 19 anos, com redução do índice de fecundidade de 80,9 para 48 a cada 1.000 adolescentes. Já entre meninas de 10 a 14 anos, o declínio foi menor (26,5%), e em estados como Amazonas e Maranhão houve até aumento.

A relação com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é evidente: quanto maior o IDH, menor a taxa de gravidez precoce. As regiões Sudeste e Sul, que concentram os maiores IDHs, apresentam os menores índices de fecundidade adolescente. Já o Norte e o Nordeste seguem com os maiores percentuais — e uma queda mais lenta.


No entanto, dados mais recentes revelam que o desafio persiste. Em 2020, segundo Segundo o Sistema de Informaçao sobre Nascidos Vivos (SINASC), foram registrados 381.653 partos de mães adolescentes, representando 14% do total de nascimentos no país. Considerando que em 2018 nasceram 456.128 bebês de mães adolescentes, a redução foi de 16,3%. Apesar da queda, estes números ainda permanecem muito elevados.


Além disso, foram registrados 17,5 mil partos de meninas entre 10 e 14 anos — ou seja, duas crianças se tornaram mães a cada hora no Brasil. Em muitos desses casos, a gestação é consequência de estupro de vulnerável, conforme define a legislação brasileira.

O Brasil perdeu a oportunidade de ganhar o equivalente a US$ 3,5 bilhões devido à gravidez na adolescência, enquanto a produtividade na Índia também aumentaria em US$ 7,7 bilhões devido ao mesmo motivo.


As desigualdades raciais também são marcantes. Entre os nascidos vivos em 2020:

Cor/raça

Nascim_p/resid.mãe

Branca

83531 (22%)

Preta

23335 (6,1%)

Amarela

1416 (0,4%)

Parda

256763 (67,3%)

Indígena

7265 (1,9%)

Ignorado

9343 (2,4%)

Total

381653

Esses dados reforçam que a gravidez precoce não é apenas uma questão de comportamento individual, mas sim um reflexo direto da desigualdade estrutural brasileira: meninas negras, indígenas, pobres e com baixa escolaridade seguem sendo as mais afetadas.


O que os dados mostram é que a adolescência no Brasil continua sendo interrompida pelo peso da maternidade precoce, especialmente em territórios vulnerabilizados. E embora os avanços sejam reais, a mudança ainda precisa chegar às meninas que mais precisam dela.


👉 Leitura recomendada:

Monteiro DLM et al. Trends in teenage pregnancy in Brazil in the last 20 years (2000–2019). Rev Assoc Med Bras. 2021;67(5):759–765.https://doi.org/10.1590/1806-9282.20210265

Williams-Breault BD. Teen pregnancy: United States vs. Europe. Int J Arts Humanit Soc Sci Studies. 2020;5(6):46-54. Available from: https://issuu.com/ijahss.com/docs/1179451174

Ministério da Saúde/SVSA/CGIAE - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC.


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